sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Fauna de Ediacara

Minha ignorância as vezes me surpreende...

Fomos ao Museu Sul Australiano no final de semana e fiquei pasmo ao saber (provavelmente sabia, mas a informação volatilizou a muito tempo.... 16 anos é muito tempo desde que aprendi isso na disciplina de paleontologia) que aqui nesta região foi encontrado um dos mais surpreendentes e mais antigos registros fossilíferos do mundo, a famosa fauna de Ediacara (saiba mais). Tão importante que eles criaram uma novo período (Período Edicariano) que contempla 58 milhões de ano, anterior ao período cambriano (550 milhões de anos atrás).


Parte de um fragmento de rocha do perído Edicariano South Autralian Museum


Janice na semana passada foi a uma saída de campo com o pessoal que trabalha com animais subterrâneos e visitou o parque Mount Remarkable (saiba mais) onde viu in situ um dos locais onde essa fauna pode ser encontrada. Preste antenção nas ondulações observadas na foto abaixo. As marcas de ondulações impressas na rocha abaixo são resultado da ação das ondas do mar no sedimento.

Ediacara in situ

Bem é isso...

Marcus

Filial do inferno II

Pois é como eu falei... 45,7 graus seria caso de calamidade pública no Brasil!
Tanto é a preocupação das pessoal aqui com essa onda de calor que recebi uma mensagem informando os cuidados a serem tomados caso tenha problemas com calor aqui na Universidade. Outra notícia que fiquei sabendo é que eles estçai solicitando pelo rádio que as pessoas deixem baldes ou caixas com água no quintal para que os animais possam se hidratar.

Tanto é verdade que a fotografia abaixo foi tirada no dia 30 de Janeiro em algum lugar de Adelaide. Não adianta pedir que não vou levar nenhum coala para o Brasil......

Ê VIDA BOA......
Para vocês terem uma idéia, estava tão quente, mais tão quente neste dia quando Janice eu voltavamos para casa lá pelas 20.00 h nos deparamos com um papagaio no chão tentando atravessar a rua... Suicída??????

A espécie em questão é comum aqui na região sul autraliana e pertence à espécie Trichoglossus haematodus (mais informações) e é chamado aqui de Rainbow Lorikeet. Peguei ele na mão e ele não esboçou qualquer reação de tentar fugir. Ele estava desidratado. Coloquei um pouco de água na mão e ele ficou lá bebendo, coloquei mais e ele bebeu até não poder mais...







Estava tão fraco que tiramos várias fotografias com ele. Após meia hora cuidando do psitacídeo deixamos ele próximo a uma mata e fomos embora...





É o negócio não está para brincadeira por aqui e parece que esta onda de calor vai se estender por mais 10 dias... AIIIIIIIIII..



Inté,



Marcus

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Filial do Inferno....

Bom dia a todos...
Vocês não acreditam, mas aqui os ponteiros registraram às 15.30h, 46 graus e a umidade relativa do ar de 6% . Dá para imaginar...

Para não dizer que estou mentindo aqui vai o link informando o clima daqui... http://www.weatherzone.com.au/sa/adelaide/adelaide

Eu vindo de terras frias do sul do país estou, digamos, que sofrendo um pouco... Janice que vem de terras próximas ao equador esta dizendo que está quente... Se ela diz isso pode ter certeza que não é frescura minha...

Mas abençoado o cidadão que inventou o ar condicionado.... Não saio do laboratório, nem que a vaca tussa!

Batemos o recorde de temperatura dos últimos 30 anos ... A maior temperatura registrada até agora tinha sido de 44,2 graus.

Só falta o capeta!!!!!!

Até mais

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Australian Day

Ontem foi feriado aqui, o Australian Day.
Acabei vindo para o laboratório com Janice, pois tinhamos que trabalhar. Eu lá montando lâminas e Janice terminando o relatório da consultoria que ela havia feito antes de vir para cá.
Mas lá pelo meio-dia decidimos ir até o parque onte estava ocorrendo a comemoração. Foi bacana ver uma festividade onde o foco maior era a integração entre as várias nacionalidades que vivem em terras australianas.
Perdemos a parada que ocorreu pela manhã, mas ficamos sabendo que tenha um bloco de brasileiros participando do evento. Infelizmente, como chegamos tarde, não conseguimos encontrar o pessoal.

Paciência..

Bem até mais,

Marcus

Espécimens de museu.. A saga

Então,
Cá estou ele, aguradando alguns espécimens de museus.. Ainda falta materal da França, Rússia e alguns espécimens dos E.U.A.. Começei a análise dos espécimens que recebi do U.S. National Parasitological Museum. Um fato interessante sobre este material é que recebi um espécime ainda não montado em lâmina. O espécime data de 1914, ano que meu avô nasceu! Eles me autorizaram a corar e montar o material... Mas dá um baita medo.. sabe como é... Material raro, único espécime... ai, ai, ai...
Mas não posso perder essa oportunidade, pois se for o que acho que é, será um baita achado.

Acredito que, com base no hospedeiro, estou perante um espécime pertencente a Rajonchocotyle batis Cerfontaine 1899. O que é um baita achado, pois o espécime tipo utilizado na descrição desta espécie foi perdido e se eu confirmar a identificação poderei determinar um novo neótipo...
Estou montando alguns espécimens hoje. Já defini algumas espécies e outras terei que redescrever, pois as descrições originais não estão lá essas coisas...
Ou seja, ainda tenho muita coisa a fazer, mas está ficando cada vez mais interessante trabalhar com esse grupo.... Espero poder sair deste trabalho com duas ou três publicações.

Bem é isso,

Bjs a todos e de volta às lâminas.

Marcus

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Ainda vivo...

Olá a todos,
Peço desculpas pela ausência de pestagens, mas as cosias realmente estão corridas por aqui. Fiz a requisição de espécimes de museus da França, E.U.A. e Rússia. O material proveniente do U.S.N.P.C. (U.S. National Parasitological Collection) já chegou (pelo menos a primeira parcela). Ainda estou no aguardo a resposta dos outros museus.
Começei a montar lâminas com o material disponível coletado da Malásia e Bornéu. As primeiras lâminas não ficaram lá essas coisas, mas acho que pego o jeito....
Acredito que tenho em mão três novas espécies de Hexabothriídeos, mas ainda preciso checar com o material de museu.

Janice chegou na quinta-feira passada e hoje foi para uma saída de campo com alguns pesquisadores que trabalham com organismos subterrâneos. Para ela será uma boa experiência, pois apresnderá novas técnicas de coleta e poderá aplicá-las no Brasil.

No mais as coisas estão andando. O banco de dados já está no ar funcionando, estou começando a escrever o capítulo de um livro e desenhando os espécimes.

Uma outra notícia que fiquei sabendo esta semana é que as obras de reforma da UNIFESP estão atrasadas e provavelmente as auals somente terão início em Abril. Com esse atraso, já corri e solicitei uma prorrogação de meu afastamento do país e assim poderei ficar mais um mês aqui trabalhando, pois com a solicitação de material de museus, o trabalho deu uma crescida.

Bem meu amigo é isso por enquanto.

Vou procura mantê-los informados

Até mais

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Back to the Matrix

Quinta-feira (8/01/2008)

Bem depois do descanso e das andanças por aí. Cá estou eu novamente no laboratório.

A demora em postar novas informações são decorrentes do dia-a-dia corrido do laboratório. Analisando lâminas, identificando os parasitos, gerenciando banco de dados, etc.
Na semana que vem vou solicitar lâminas de museus para comparar com o material que estou analisando por aqui.
Também criei um banco de dados taxonômico para Hexabothriidae. O layout já está pronto, somente está faltando alocar o banco de dados no servidor e está pronto. Ou seja um dos objetivos do projeto aqui já está concluído.
O endereço do site é http://www.ib.usp.br/~mvdomingues/hexa/index.htm (mas ainda não está funcionando).

Bem vou voltar às lâminas..

Abraços

Marcus

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Coffin Bay

Sábado (03/01/2009)
Hoje acordamos cedo e pegamos o barco e fomos pescar.
Estava animadão com a possibilidade de pegar alguns peixes, pois Richard me disse que poderiamosconseguir pegar alguns Kyphosidae e Sphyreanidae, grupos que trabalhei em meu doutorado... Quer disser com os parasitos (material de museu), mas nunca tinha visto um peixes destas famílias na minha vida.

Sete da manhã... dia de pescaria

Começamso bem, demos de cara com um leão marinho que estava dormindo numa ilha. O bichão nem se mexia. Tava parecendo carro a alcool em dia de frio...


Como pescar nunca foi meu forte, com exceção das coletas de arraias... É claro que embaralhei a linha várias vezes, mas consegui pegar alguns peixes e fui o único a pegar uma Sphyrena. Além deste, pegamos alguns outros e conseguimos pegar um espécime de Girella zebra (Kyphosidae).

Sphyraena

Girella zebra

É claro que quando cheguei na casa, fui logo retirando as brânquias para olhar na lupa atrás de alguns parasitos. Mas Só encontrei parasitos nas brânquias de Sphyraena (alguns Olygonchoinea). E fiz um vídeo deles ainda vivos ainda aderidos ao filamento branquial...

Vermezinho maneiro...

Bem acabou-se o que era doce... Back to the real life.

Amanhã volto para Adelaide e continuação dos trabalhos.

Abraços a todos

Marcus

Sexta-feira (02/01/2009)

Ontem fomos conhecer alguns pontos da costa próximos a Coffin Bay. As praias são gigantescas, mas a vegetação em torno destas é deveras diferente do que temos aí no Brasil. Muito calor e muito vento, mas a vista é maravilhosa.
Num dos últimos pontos que fomos visitar, Richard avistou do alto do morro um cardume de salmões australianos próximo à zona de rebentação... Eu fiquei impressionado com o tamanho e como se movimentava. Parecia uma ameba gigante....


Corremos para lá e como Richard é um cara precavido trouxe seu equipamento de pesca...Vai parecer história de pescador, mas ele fez cinco arremessos e obteve cinco peixes.


Nosso almoco...

Chegamos a casa e limpamos os peixes para o almoço de hoje. Pergunte se não aproveitamos o material para ver se não tinha parasitos. Kate separou as brânquias e o trato digestivo e hoje de manhã (como temos um laboratório aqui em Coffin Bay) ela analisou nosso almoço atrás de parasitos. Ela encontrou alguns monogenoideos (Microcotyle spp.), alguns tripanorincos e um nematodeo.

Kate analisando nosso almoco...

Biólogo é fogo.....

Hoje teremos no almoço, smoked fish, uma versão do peixe defumado.... e sem parasitos...
Até mais,

Marcus

ANO NOVO ANTECIPADO...



Quinta-feira (01/01/2009)

Então pessoal. Feliz Ano novo para vocês! Após sete horas de estrada, e parando para ver o monstro do lago Ness (versão australiana), cá estou em Coffin Bay na casa dos pais de Richard.


Versao australiana do Mosntro do lago Ness


Como havia comentado em postagens anteriores, eu estava indeciso se viria ou não para cá, mas fui convencido por Kate e Richard a vir. Acertei de ter vindo! Tive a oportunidade de conhecer os pais de Richard (Bernadete e Brian)e posso dizer que são pessoas fantásticas. Fiquei deveras impressionado com a biblioteca do Sr. Brian. Como já havia comentado, ele, agora aposentado, exercia a profissão de médico oftalmologista, mas sempre teve uma grande paixão pelas ciências naturais. Vocês não fazem idéia da coleção que ele têm! Tanto bibliográfica como de espécimes preservados....



Só em sua biblioteca fui capaz de encontrar livros originais do século XIX com descrição de peixes (ele têm a coleção completa de Cuvier & Valenciennes, ou seja 24 volumes!!!), além de uma vasta coleção sobre tudo o que se possa imaginar de zoologia, desde livros clássicos de zoologia de invertebrados (e.g. Pierre Grassé) até livros recentes de parasitologia. Mais uma vez me senti como uma criança em loja de departamento. Sentar ali e ficar folheando os livros e vendo pranchas e informações.... está sendo fantástico. Além é claro de conversar com ele. É impressionante o quanto ele sabe de tudo e me fez lembrar os naturalista de séculos passados que tinham uma formação gigante e pareciam enciclopédias biológicas ambulantes....Estou impressionado.



Aproveitei para conhecer a cidade e fiquei sabendo que fora de estação aqui vivem apenas 400 a 500 pessoas (o que está sendo deveras agradável sem o tumulto que um final de ano pode ser). Esta região é uma região com bom potencial para aqüicultura, visto pelo cultivo de ostras e também pelas traineiras ancoradas na região.

Ontem no café da manhã tive a oportunidade de experimentar o famoso VEGEMATE, que é uma pasta feita de um tipo de cereal e muito apreciado pelos australianos. Só posso dizer que não tem nada parecido no quesito sabor.


Após o café fomos caminhar pela praia e nos deparamos com esse border collie que carregava um pedaço de graveto na boca e quando nos viu, trouxe o graveto para perto de nós e deitou-se esperando que pegássemos o graveto e atirássemos para ele ir pegar... Um dia vou ter um cachorro desses!



À tarde fui com Richard até o costão rochoso, pois ele queria pescar. Enquanto ele pescava aproveitei para dar uma olhada no costão e ver se encontrada alguns invertebrados... Encontrei vários... Desde Polyplacophora (Mollusca), estrelas do mar, “turbelários” marinhos, isopodes..etc... Foi bem maneiro, mas acabei perdendo a oportunidade de ver uma arraia que o Richard acabou encontrando (aqui chamada de Eagle Ray). Mas ele me disse que não faltará oportunidade de ver essas arraias, pois são muito comuns na região. Ele me disse que nesta região é muito comum encontrar peixes da família Kyphosidae. Falei para ele que tenho um trabalho publicado com monogenóideos parasitos destes peixes, mas nunca vi na minha vida um peixe desta família... Ele me disse que tentará pegar algum... Pergunte se não vou quere olhar as brânquias para encontrar parasitos, antes de o peixe ir para o forno......


Ficarei aqui até o dia 04 de janeiro e como tenho que trabalhar trouxe o computador para cá e várias referências para estudar... Montamos uma estação de trabalho por aqui,pois além de mim, Richard está terminando seu doutorado e Kate tem que terminar a submissão de um Grant que ela aplicará neste novo ano... o trabalho não pode parar....


Mini working station

Mas volta e meio dou uma parada e vou até a biblioteca para olhar alguns livros.... Pois esta é uma oportunidade única...

Bem é isso,

Abraços a todos e feliz ano novo para voces.
Marcus